Para atrair professores, as escolas oferecem salários altos e benefícios não tão comuns no mercado. A remuneração chega a R$ 20 mil, 40% acima da média paga a profissionais que atuam no ensino médio de escolas particulares de elite (R$ 14 mil), como o Bandeirantes.
Segundo a tabela do Sindicato dos Professores de São Paulo, alguns grandes colégios, como o Porto Seguro, pagam cerca de R$ 8 mil para docentes do ensino fundamental 1. E outros têm salários de R$ 5 mil para educação infantil. Os dados do sindicato são fornecidos pelos próprios professores. As novas instituições exigem docentes bilíngues e oferecem ainda contratação em tempo integral. As escolas, em geral, pagam por hora-aula. As mensalidades seguem tendência semelhante. Enquanto as escolas atuais de ponta cobram entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil, as novas variam de R$ 5,5 mil a R$ 8 mil. Na mais cara delas, para manter o filho durante os 14 anos obrigatórios de escolaridade no País – dos 4 aos 17 anos –, os pais gastariam R$ 1,5 milhão. Mas, fora os números impressionantes, as novas escolas têm atraído profissionais pela oferta de trabalhar com algo inovador na educação. Para conquistar pais e docentes, pouco se fala em história e física e muito sobre autonomia e fluência digital.
“Um headhunter me ligou, não me perguntou nem quanto eu ganhava, mas disse que pagaria o dobro”, conta um profissional já contratado pela Escola Internacional de São Paulo, outra novidade na cidade, que pediu para seu nome não ser divulgado. Como ele não se interessou pela mudança, acabou sem saber que escola faria a proposta. Outro grupo que pretendia entrar no mercado de escolas bilíngues ofereceu a ele R$ 300 mil para uma consultoria. “Ligaram lá no nosso telefone, tentando roubar a pessoa dentro da própria escola”, diz o diretor da Internacional de São Paulo, Michel Lam. Ao mesmo tempo que está contratando cinco novos profissionais, esforça-se para não perder os que já tem. Para a educadora da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Colello, o surgimento dos novos colégios reflete a insatisfação dos pais e dos profissionais com o modelo tradicional, mas é preciso cautela. “Os pais precisam ver não só a proposta pedagógica, mas a possibilidade de execução. E ter cuidado para não cair em golpes de marketing.” Ela lembra que o projeto escolar é uma construção permanente e, por isso, a experiência da instituição deve ser considerada pelos pais. “Além disso, cada criança é diferente da outra. Não dá para dizer: coloquei na melhor escola e vou ficar sossegado.”
0 Comentários