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Entenda por que a reforma trabalhista não vai trazer o sonhado emprego. E por que conseguir uma boa oportunidade tem se tornado tão difícil mesmo para quem tem curso superior.




A reforma trabalhista vai mudar as relações de trabalho no país. Ela traz novas definições sobre férias, jornada de trabalho e outras questões. Os acordos entre patrão e empregado terão força de lei, desde que não desrespeitem a Constituição. É importante deixar claro que ela vai sim gerar empregos, no entanto, não precisa ser estudante de direito para perceber que não se trata de vagas para ganhar um bom salário e viver com qualidade de vida, mas para que muitos possam trabalhar apenas para sobreviver, não importa como. Não raro, excelentes profissionais que estão desempregados tem se feito a seguinte pergunta: Por que conseguir um bom emprego na minha área de trabalho tem se tornado tão difícil, para não dizer as vezes impossível?

Os jovens no Brasil são ensinados desde de cedo a escolher uma carreira “definitiva”, e isso tem se tornado um grande problema nesse mundo globalizado onde as empresas querem cada vez mais profissionais versáteis em várias áreas e onde a tecnologia substitui mão de obra a todo momento. Uma pesquisa do ManpowerGroup mostra que cerca de metade dos empregadores estão enfrentando dificuldades em ocupar posições cruciais nas empresas e 40 por cento deles dizem que uma das principais razões é que os candidatos não possuem habilidades essenciais, particularmente em cargos com atuação especializada. 

A verdade é que o mercado de trabalho no Brasil a cada ano fica mais competitivo. E os motivos são vários como crise econômica, desemprego crescente, maquinas e aplicativos substituindo mão de obra, aumento populacional e etc. Não importa se você é formado em uma boa universidade ou trabalhou em um cargo importante, profissionais que não estão atentos as repentinas mudanças no mercado de trabalho terão muita dificuldade para encontrar seu espaço. Nas seleções para contratações, as empresas têm recebido dezenas, e muitas vezes centenas de currículos. Isso faz com que elas exijam cada vez mais nos requisitos. Mas essas exigências não aumenta o valor do salário. É por isso que tem se tornado comum pós-graduados assumindo cargos que antes se exigia apenas formação superior devido a faixa salarial não ser muito atrativa. E as novas profissões bem remuneradas que estão surgindo, principalmente na área de tecnologia, exigem níveis absurdos de habilidades e qualificações se comparados a cargos similares que estamos acostumados a ver. 

É preciso entender que independente da reforma trabalhista ter ou não efeitos positivos, o mercado de trabalho está sempre em ininterrupta mudança, pois ele atende aos interesses de uma sociedade capitalista que vive em constante evolução tecnológica e social. E o número alto de profissionais formados, que estão desempregados, tem deixado muito claro que os cursos técnicos e universitários tradicionais não conseguem evoluir no mesmo ritmo. Isso acontece por que o mercado de trabalho tem como principal motivador as necessidades de lucro das empresas, que por sua vez sempre estão preocupadas em cortar gastos, o que inclui mão de obra não mais necessária. E por isso não podem esperar pelas burocracias e boa vontade política das quais normalmente dependem as instituições de ensino para modernizar antigos e criar novos cursos.

De cada dez currículos recebidos por empresas, apenas dois são aproveitados, segundo a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). Isso acontece porque os candidatos enviam os currículos sem conhecer os requisitos da vaga e, muitas vezes, não possuem o perfil exigido. O segundo grande problema é que a maioria não sabe o que colocar no currículo e comete diversos erros.

E essa história de que sempre tem vagas, mas para pessoas qualificadas, também é outra mentira criada para iludir os profissionais que buscam por uma oportunidade e não encontram. É mais fácil culpar os trabalhadores por falta de habilidades, em vez de enfrentar o fato de que milhões não conseguem encontrar trabalho, não importa o que eles façam, porque os trabalhos simplesmente não estão lá. No entanto, não deixa de ser verdade que muitos estão desempregados em suas áreas não por falta de vagas, mas por que são profissionais limitados. Por exemplo, no Brasil professores formados em Pedagogia têm tido muita dificuldade de se estabilizar no mercado de trabalho, o mesmo não acontece com os pedagogos bilíngue, que normalmente são pós-graduados, trabalham nas grandes escolas e recebem salários melhores. Claro que não vai demorar muito para chegar o momento que falar bem dois ou três idiomas não será o suficiente.

Todas as profissões serão transformadas. Não precisaremos mais de médicos, enfermeiros ou laboratoristas para tirar sangue, fazer ultrassom ou diagnósticos simples. Um artigo publicado na Fortune “5 white-collar jobs robots already have taken” aponta algumas outras experiências. O editor da Robot Report diz que empresas como FedEx estudam a possibilidade de dispor de um centro de pilotagem com poucos pilotos voando a sua imensa frota de aviões cargueiros. Estes aviões operarão como drones, uma vez que não levam passageiros. Cita também o CEO da empresa de tecnologia russa Mail.Ru explicando que que está investindo em uma startup que usará robôs para ensino nas escolas.

Só o tempo vai dizer se essa reforma trabalhista vai ajudar ou piorar de vez as coisas. Mas a filosofia ensinada de pai para filho de estudar, passar no vestibular e entrar faculdade para garantir o futuro ficou incompleta. O fato é que muitos estão demorando de entender que não podem ficar presos a uma única profissão, ou pior ainda, ficar em apenas uma profissão e não se aperfeiçoar nela o máximo possível.  Matos que é formado em Matemática diz “demorei muito tempo desempregado ou trabalhando ganhando muito pouco para entender que eu não precisava ser apenas um matemático, que eu podia desenvolver habilidades extras e fazer muitos cursos nas mais diversas áreas”. Hoje ele presta serviços e consultorias na área de informática e administra um rentável site de notícias.

Então, a questão é como se preparar para um mercado de trabalho em constante inovação e evolução? A resposta óbvia é, não tem como. É muito imprevisível, pense em cargos importantes de 20 ou 30 anos atrás e que hoje nem se quer existem mais. O ponto é que o profissional deve estar atento ao que pode ou não contribuir para facilitar a sua entrada e estabilidade no Mercado de trabalho. Cada área tem suas necessidades e são bem especificas na maioria das vezes. Nem preciso dizer que profissionais acomodados vão ficar de fora. E acima de tudo ter em mente que tudo é temporário e muda muito rápido e é preciso estar sempre atento e preparado para essas mudanças.



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