O sistema de redes móveis no Brasil está perto de dar o primeiro passo em direção a uma conexão de internet ainda mais rápida e integrada.
Atrasou um pouco, mas o leilão da tecnologia 5G, que promete ser o maior de radiofrequência da história do país, agora tem data marcada para acontecer: 4 de novembro de 2021.
Serão ofertadas quatro faixas de radiofrequências: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. Boa parte do valor levantado na operação terá como principal destino a ampliação da infraestrutura de telecomunicações no Brasil.
O 5G é a quinta geração de telefonia móvel. Sucessor da rede 4G, a nova tecnologia promete uma conexão de internet bem mais ágil. No entanto, a maior diferença está nas inúmeras possibilidades de uso dela.
Segundo Enzo Pacheco, analista da Empiricus, mais do que permitir a comunicação entre as pessoas, o 5G deve revolucionar as indústrias, uma vez que proporcionará maior conectividade entre dispositivos com um tempo de resposta menor.
Se com o 4G foi possível criar novos produtos e serviços – Instagram e Uber, por exemplo, surgiram após a implantação da quarta geração de telefonia móvel -, fica até difícil imaginar as novas tecnologias que podem chegar com o 5G.
“A gente nem consegue imaginar o tipo de serviço que pode surgir com o 5G. Pense no 4G. Tivemos o lançamento do iPhone. Depois do lançamento do iPhone veio o Instagram, o Uber… A mesma coisa pode acontecer com o 5G”, afirmou Pacheco para o Money Times.
“O 5G tem essa opcionalidade. Hoje, temos um caminho muito grande para percorrer com o 5G, porque tem a questão do carro autônomo, inteligência artificial, realidade aumentada… Com o 5G, vamos ter uma velocidade maior de internet, e a latência – o ato de apertar um botão e o dispositivo responder – chega a ser 20 vezes menor do que o 4G”, completou o analista.
Existe por parte do mercado muita expectativa envolvendo as empresas de telecomunicações brasileiras com a chegada do 5G. Certamente, diversas oportunidades de crescimento surgirão para as companhias do setor com a implantação da rede no país. No entanto, os ganhos não devem aparecer nos resultados das operadoras logo de cara. Pelo contrário: pensando na necessidade de investimento, pode-se esperar pressão no curto prazo.
Uma realidade ainda distante
O leilão da rede 5G se aproxima, mas é apenas o primeiro passo da implantação dessa nova tecnologia. Embora o Governo Federal estime para algumas cidades (capitais) cobertura 5G até meados de 2022, o processo de levar a tecnologia para todo o país será demorado e deve demandar muito investimento por parte das operadoras de telecomunicações, visto que elas precisarão instalar novos aparelhos em diversos pontos das cidades.
“Você não consegue colocar essa tecnologia em uma antena, espalhar a onda e chegar com a mesma força para todo mundo. Por ter uma frequência menor, qualquer obstáculo no meio do caminho ela não consegue passar. Então, você vai ter que trocar a tecnologia das antenas. Elas ainda vão ser utilizadas, mas você precisará instalar diversas delas na cidade”, explicou Pacheco.
De acordo com o analista, do ponto de vista de investimento, é uma notícia negativa para os players do setor no curto prazo.
“As empresas do setor de telecomunicações terão uma necessidade de investimento muito grande no negócio”, destacou. “A empresa não precisaria investir muito na rede, mas, com o 5G, ela tem que investir”.
Considerando que boa parte da tese de investimento das operadoras é baseada em distribuição de proventos – a Vivo (VIVT3), por exemplo, é uma ação recorrente nas carteiras recomendadas de dividendos de bancos e corretoras –, pode-se dizer que, em um primeiro momento, o 5G é um ponto negativo para o caixa das companhias.
“Parte dos fluxos de caixa está relacionada com a quantidade de investimento que a empresa tem que fazer. Mesmo que eu tenha uma receita boa com as redes atuais, vou ter um investimento maior [com o 5G]. Então, meu fluxo de caixa tende a diminuir, pelo menos no curto prazo”, disse Pacheco.
Há ainda a questão do acesso. Mesmo com a implantação dos aparelhos nas cidades e os esforços do governo para difundir o serviço de internet no Brasil (uma das obrigações das empresas vencedoras do leilão é atender com a tecnologia 4G ou superior as áreas pouco ou não servidas no país, com mais de 600 habitantes, como localidades e estradas), a nova tecnologia ficará, a princípio, restrita à população de alta renda.
Como aproveitar o 5G agora
Resumindo: investir no 5G no Brasil talvez não seja atualmente a melhor opção. No entanto, existem empresas de fora que já estão se beneficiando da demanda em países onde essa rede está mais estabelecida.
A Coreia do Sul foi o primeiro país a adotar o 5G. É a região mais bem equipada nesse quesito (e, ainda assim, a tecnologia cobre pouco mais de um quinto da base móvel do território).
Estados Unidos e China também estão avançando na adoção do 5G, abrindo oportunidades para empresas como a Qorvo, uma das recomendações de Pacheco.
Segundo o analista, a Qorvo está bem posicionada para aproveitar o crescimento do 5G no mundo porque fabrica o semicondutor de radiofrequência necessário para a conexão com o 5G.
Mesmo desconsiderando o 5G, a tese de investimento da companhia ainda atrai Pacheco. Ele destacou que a companhia tem uma parcela relevante da receita (que cresce, em média, 16% ao ano) vindo de clientes importantes, incluindo as três principais fabricantes de smartphones do mundo – Apple, Samsung e Huawei.
“Praticamente qualquer celular do mundo tem um dispositivo da Qorvo nele”, comentou.
A empresa possui mais de 5 mil clientes na carteira e oferece mais de 6 mil produtos diferentes. Portanto, com uma base de clientes e produtos diversificada, perder um cliente ou outro não acaba sendo tão ruim para o portfólio.
“Ela está posicionada em um setor de crescimento, está conseguindo crescer a receita. É lucrativa, tem margens saudáveis na casa dos 50%… Quando você vê a geração do fluxo de caixa da empresa, também está aumentando. Ela consegue colocar esse fluxo para trabalhar no próprio negócio”, defendeu Pacheco. Soma-se a tudo isso o fato de que sua ação negocia a múltiplos melhores em comparação com outras empresas do setor.
Pacheco também enxerga oportunidades advindas do 5G para outros dois nomes, ainda que não sejam diretamente ligados à rede: Intuitive Surgical, que fabrica aparelhos médicos usando alta tecnologia, e a desenvolvedora de software Unity.
O caso da Unity é interessante, pois o analista vê a companhia sendo beneficiada pelo crescimento da tecnologia da realidade aumentada.
“A Unity fica muito ligada ao 5G porque a gente está falando muito sobre o metaverso. Se você tem a rede 5G e consegue consumir mais dados, tem uma resposta mais rápida na questão da realidade aumentada”, disse.
Além da possibilidade de comprar ações dessas empresas diretamente no exterior, é possível investir nelas na B3 (B3SA3), via BDRs (Brazilian Depositary Receipts, certificados emitidos no Brasil que possuem como lastro ações emitidas no exterior). Os tickers de Qorvo, Intuitive Surgical e Unity são, respectivamente, Q1RV34, I1SR34 e U2ST34.
Atrasou um pouco, mas o leilão da tecnologia 5G, que promete ser o maior de radiofrequência da história do país, agora tem data marcada para acontecer: 4 de novembro de 2021.
Serão ofertadas quatro faixas de radiofrequências: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. Boa parte do valor levantado na operação terá como principal destino a ampliação da infraestrutura de telecomunicações no Brasil.
O 5G é a quinta geração de telefonia móvel. Sucessor da rede 4G, a nova tecnologia promete uma conexão de internet bem mais ágil. No entanto, a maior diferença está nas inúmeras possibilidades de uso dela.
Segundo Enzo Pacheco, analista da Empiricus, mais do que permitir a comunicação entre as pessoas, o 5G deve revolucionar as indústrias, uma vez que proporcionará maior conectividade entre dispositivos com um tempo de resposta menor.
Se com o 4G foi possível criar novos produtos e serviços – Instagram e Uber, por exemplo, surgiram após a implantação da quarta geração de telefonia móvel -, fica até difícil imaginar as novas tecnologias que podem chegar com o 5G.
“A gente nem consegue imaginar o tipo de serviço que pode surgir com o 5G. Pense no 4G. Tivemos o lançamento do iPhone. Depois do lançamento do iPhone veio o Instagram, o Uber… A mesma coisa pode acontecer com o 5G”, afirmou Pacheco para o Money Times.
“O 5G tem essa opcionalidade. Hoje, temos um caminho muito grande para percorrer com o 5G, porque tem a questão do carro autônomo, inteligência artificial, realidade aumentada… Com o 5G, vamos ter uma velocidade maior de internet, e a latência – o ato de apertar um botão e o dispositivo responder – chega a ser 20 vezes menor do que o 4G”, completou o analista.
Existe por parte do mercado muita expectativa envolvendo as empresas de telecomunicações brasileiras com a chegada do 5G. Certamente, diversas oportunidades de crescimento surgirão para as companhias do setor com a implantação da rede no país. No entanto, os ganhos não devem aparecer nos resultados das operadoras logo de cara. Pelo contrário: pensando na necessidade de investimento, pode-se esperar pressão no curto prazo.
Uma realidade ainda distante
O leilão da rede 5G se aproxima, mas é apenas o primeiro passo da implantação dessa nova tecnologia. Embora o Governo Federal estime para algumas cidades (capitais) cobertura 5G até meados de 2022, o processo de levar a tecnologia para todo o país será demorado e deve demandar muito investimento por parte das operadoras de telecomunicações, visto que elas precisarão instalar novos aparelhos em diversos pontos das cidades.
“Você não consegue colocar essa tecnologia em uma antena, espalhar a onda e chegar com a mesma força para todo mundo. Por ter uma frequência menor, qualquer obstáculo no meio do caminho ela não consegue passar. Então, você vai ter que trocar a tecnologia das antenas. Elas ainda vão ser utilizadas, mas você precisará instalar diversas delas na cidade”, explicou Pacheco.
De acordo com o analista, do ponto de vista de investimento, é uma notícia negativa para os players do setor no curto prazo.
“As empresas do setor de telecomunicações terão uma necessidade de investimento muito grande no negócio”, destacou. “A empresa não precisaria investir muito na rede, mas, com o 5G, ela tem que investir”.
Considerando que boa parte da tese de investimento das operadoras é baseada em distribuição de proventos – a Vivo (VIVT3), por exemplo, é uma ação recorrente nas carteiras recomendadas de dividendos de bancos e corretoras –, pode-se dizer que, em um primeiro momento, o 5G é um ponto negativo para o caixa das companhias.
“Parte dos fluxos de caixa está relacionada com a quantidade de investimento que a empresa tem que fazer. Mesmo que eu tenha uma receita boa com as redes atuais, vou ter um investimento maior [com o 5G]. Então, meu fluxo de caixa tende a diminuir, pelo menos no curto prazo”, disse Pacheco.
Há ainda a questão do acesso. Mesmo com a implantação dos aparelhos nas cidades e os esforços do governo para difundir o serviço de internet no Brasil (uma das obrigações das empresas vencedoras do leilão é atender com a tecnologia 4G ou superior as áreas pouco ou não servidas no país, com mais de 600 habitantes, como localidades e estradas), a nova tecnologia ficará, a princípio, restrita à população de alta renda.
Como aproveitar o 5G agora
Resumindo: investir no 5G no Brasil talvez não seja atualmente a melhor opção. No entanto, existem empresas de fora que já estão se beneficiando da demanda em países onde essa rede está mais estabelecida.
A Coreia do Sul foi o primeiro país a adotar o 5G. É a região mais bem equipada nesse quesito (e, ainda assim, a tecnologia cobre pouco mais de um quinto da base móvel do território).
Estados Unidos e China também estão avançando na adoção do 5G, abrindo oportunidades para empresas como a Qorvo, uma das recomendações de Pacheco.
Segundo o analista, a Qorvo está bem posicionada para aproveitar o crescimento do 5G no mundo porque fabrica o semicondutor de radiofrequência necessário para a conexão com o 5G.
Mesmo desconsiderando o 5G, a tese de investimento da companhia ainda atrai Pacheco. Ele destacou que a companhia tem uma parcela relevante da receita (que cresce, em média, 16% ao ano) vindo de clientes importantes, incluindo as três principais fabricantes de smartphones do mundo – Apple, Samsung e Huawei.
“Praticamente qualquer celular do mundo tem um dispositivo da Qorvo nele”, comentou.
A empresa possui mais de 5 mil clientes na carteira e oferece mais de 6 mil produtos diferentes. Portanto, com uma base de clientes e produtos diversificada, perder um cliente ou outro não acaba sendo tão ruim para o portfólio.
“Ela está posicionada em um setor de crescimento, está conseguindo crescer a receita. É lucrativa, tem margens saudáveis na casa dos 50%… Quando você vê a geração do fluxo de caixa da empresa, também está aumentando. Ela consegue colocar esse fluxo para trabalhar no próprio negócio”, defendeu Pacheco. Soma-se a tudo isso o fato de que sua ação negocia a múltiplos melhores em comparação com outras empresas do setor.
Pacheco também enxerga oportunidades advindas do 5G para outros dois nomes, ainda que não sejam diretamente ligados à rede: Intuitive Surgical, que fabrica aparelhos médicos usando alta tecnologia, e a desenvolvedora de software Unity.
O caso da Unity é interessante, pois o analista vê a companhia sendo beneficiada pelo crescimento da tecnologia da realidade aumentada.
“A Unity fica muito ligada ao 5G porque a gente está falando muito sobre o metaverso. Se você tem a rede 5G e consegue consumir mais dados, tem uma resposta mais rápida na questão da realidade aumentada”, disse.
Além da possibilidade de comprar ações dessas empresas diretamente no exterior, é possível investir nelas na B3 (B3SA3), via BDRs (Brazilian Depositary Receipts, certificados emitidos no Brasil que possuem como lastro ações emitidas no exterior). Os tickers de Qorvo, Intuitive Surgical e Unity são, respectivamente, Q1RV34, I1SR34 e U2ST34.
Fonte: https://www.moneytimes.com.br/nao-espere-pelo-5g-no-brasil-veja-onde-investir-para-aproveitar-ja-a-evolucao-da-internet/
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