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SEDUC-SP não consegue preencher 500 das 2,9 mil vagas abertas em junho para professores temporários

 A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo não conseguiu preencher 500 das 2,9 mil vagas abertas no início de junho para professores temporários. Os profissionais estão fazendo falta principalmente nas salas de aula do ensino médio.



Além disso, uma pesquisa da organização social Rede Escola Pública e Universidade (Repu), formada por professores e pesquisadores das principais instituições de ensino do estado, demonstrou que a mudança do novo currículo do ensino médio não está acontecendo na prática.


Em tese, a partir do segundo ano, seria possível escolher, entre vários itinerários, o que fosse formado por disciplinas que mais se aproximassem das áreas de interesse de cada aluno.


Mas a pesquisa - feita em abril deste ano - apontou que quase 35,6% das escolas só ofereciam dois itinerários. E, destas, 7 em cada 10 (71,7%) ofereciam os mesmos dois itinerários.


A pesquisa mostrou ainda que a reforma provocou um aumento do número de aulas e que não há professores para todas elas.


Também em abril, 22,1% das aulas não tinham sido entregues a nenhum professor, de acordo com Fernando Cássio, professor de políticas educacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC).


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A pesquisa mostrou ainda que a reforma provocou um aumento do número de aulas e que não há professores para todas elas.


Também em abril, 22,1% das aulas não tinham sido entregues a nenhum professor, de acordo com Fernando Cássio, professor de políticas educacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC).



“Em termos práticos, os estudantes, na média, têm um dia a menos de aula por semana no ensino médio e essa falta de professores não é distribuída igualmente. Os estudantes dos períodos vespertino e noturno, que são os que trabalham, os mais pobres e mais vulneráveis da rede, são aqueles que têm mais aulas vagas por semana.”


O representante da Repu - responsável pelo levantamento - explica ainda que muitas disciplinas estão sendo entregues a professores sem formação específica.


“Ter professores e professoras com a formação adequada para a área em que lecionam é fundamental, isso faz parte daquilo que preconiza o Plano Nacional de Educação. O governo de São Paulo já em 2020 já havia flexibilizado as regras de contratação, já havia autorizado a contratação - na falta de professores professoras com a licenciatura específica na área - contratar a bacharéis, contratar tecnólogos ou os portadores da chamada licenciatura curta”, afirma.


Para a coordenadora de recursos humanos da Secretaria Estadual da Educação (Seduc-SP), Cecília Cruz, a oferta de poucas opções de itinerários não prejudica os alunos. Dois itinerários é o mínimo estabelecido pelo Plano Nacional de Educação.


“Todas as escolas no estado de São Paulo têm pelo menos dois itinerários, independente do seu tamanho, e tem todas as áreas de conhecimento ofertadas.”


Faltam professores


A Escola Estadual Ilda Vieira Vilela, no Parque Residencial Cocaia, região do Grajaú, na Zona Sul da capital, é um exemplo do que ocorre com a rede estadual de ensino, depois da mudança curricular que ficou conhecida como "novo ensino médio".


De acordo com Francisco Ilton Bandeira Dias, vendedor e líder comunitário no Parque Residencial Cocaia, o filho dele está deixando de aprender.


“A rotina dele: vem às 19h e normalmente chega em casa às 21h30 porque nunca tem os professores do período integral. Ele se sente prejudicado e tem dia que ele fala: ‘Pai, eu não vou pra escola, vou pra escola fazer o quê? Eu vou lá, tenho duas aulas e não tenho mais aula, eu venho embora’”, afirma.


“Nós pais aqui da região estamos muito preocupados porque os nossos filhos vão fazer o terceiro ano, e eles vão sair da escola sem condição de ingressar numa futura faculdade", afirma o pai de aluno.


Romualdo Portela de Oliveira, diretor de pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), organização que trabalha pela qualidade na educação pública do país, afirma que essa mudança nas regras de contratação de professores prejudica os alunos.


“Isso não é uma novidade. No passado, quando faltavam professores de determinadas disciplinas, se buscava o profissional com a formação disponível. É óbvio que isso é absolutamente inadequado porque a formação necessária, por exemplo, para aula de física, química e geografia, não é dada nos cursos de pedagogia. O profissional formado em pedagogia tem outra especialidade.”


A coordenadora de recursos humanos da Seduc-SP, Cecília Cruz, explica que a falta de professores foi um problema pontual.


“O que tinha em abril era que uma parcela da carga horária, que é em torno de 25% da segunda série do ensino médio, tinha esse déficit de professores. Então, 22% não é o reflexo de déficit de professores no estado de São Paulo e nunca foi”, afirma.


“A Secretaria de Educação entende que ainda há mais possibilidade de contratação de professor, mas a gente já contratou dez mil professores a mais em relação ao que a gente tinha no ano passado e continua contratando na necessidade para que consigamos atingir os 100% de aulas atribuídas. Hoje o percentual é 95% no ensino médio.”


Em nota, a secretaria disse ainda que foram contratados 2.400 professores com cadastro feito diretamente nas diretorias de ensino e que as atribuições das aulas estão normais.


Em relação à Escola Ilda Vieira Vilela, a pasta informou que agora o quadro de docentes no período noturno está completo.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/07/07/governo-de-sp-nao-consegue-preencher-500-das-29-mil-vagas-abertas-em-junho-para-professores-temporarios.ghtml


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