Quiet Firing: entenda a nova prática de 'demitir silenciosamente'

 

Existem pessoas que acreditam na eficácia da Demissão Silenciosa, mas a maioria dos especialistas em Recursos Humanos são contrários a esse tipo de conduta.


O termo Quiet Quitting viralizou recentemente e estimulou um debate sobre funcionários que fazem o mínimo desejado para continuarem em seus empregos - nem mais nem menos. No entanto, uma resposta para tal tipo de conduta não demorou a (re)surgir, sendo batizada de Quiet Firing ou, traduzindo livremente para o português, Demissão Silenciosa.

O conceito de Quiet Firing é, basicamente, criar um ambiente de trabalho tão insuportável para o trabalhador que este "peça para sair". De acordo com especialistas entrevistados pelo The Washington Post, ações que podem ser usadas nesse processo incluem cortes de promoções, corte de feedbacks, diminuição de tarefas e jornada de trabalho. Não seria um ambiente diretamente hostil, mas extremamente insatisfatório e sem espaço para o crescimento profissional do funcionário.

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Já no lado da empresa, seria uma maneira "não confrontacional" de lidar com demissões e/ou funcionários com baixo rendimento.  "Eles podem negar aumentos por anos, deixar de fornecer recursos enquanto acumulam demandas, dar feedback projetado para frustrar e confundir, ou conceder privilégios para selecionar trabalhadores com base em padrões de desempenho vagos e inconsistentes. Aqueles que não gostam são bem-vindos a sair", explica a colunista Karla L. Miller.

Annie Rosencrans, diretora de pessoas e cultura da HiBob, adiciona que gerentes que não têm confiança em suas habilidades de liderança ou estão sobrecarregados podem ser mais propensos a aplicar o Quiet Firing. Esses superiores podem não ter o tempo, paciência ou capacidade emocional para ter conversas difíceis com seus funcionários sobre seu desempenho no trabalho e acabam criando uma situação em que o funcionário é incentivado a sair por "vontade própria".

Também é possível que esses chefes não percebam de fato que estão demitindo silenciosamente. “Se um gerente tem muitos subordinados diretos e é puxado em muitas direções, ele pode estar concentrando seus esforços nas pessoas que vê contribuindo mais ou tendo mais valor”, diz Rosencrans. “Eles podem estar negligenciando inadvertidamente alguns membros da equipe, não dando a eles a atenção necessária para continuar crescendo”.

É válido esclarecer que a Desistência Silenciosa e a Demissão Silenciosa não são práticas novas. Elas já existem há décadas, mas acabaram "se popularizando" e se tornando tópicos de debate recente nas redes sociais.

Quiet Firing é recomendado?

Existem pessoas que acreditam na eficácia da Demissão Silenciosa, mas a maioria dos especialistas em Recursos Humanos são contrários a esse tipo de conduta.

A melhor maneira de lidar com a onda de Quiet Quitting é rever as práticas de gestão, o que significa ser produtivo e fazer um bom trabalho, e identificar os motivos que levam os trabalhadores a adotarem tal comportamento - tanto pela perspectiva da empresa quanto do funcionário. Outro ponto é encontrar maneiras objetivas e quantificáveis de medir a produção e a qualidade do trabalho que sejam claras para empregadores e subordinados. Definir metas, criar planos de melhoria e check-ins regulares pode diminuir a probabilidade de comportamentos de "Desistência Silenciosa" e de "Demissão Silenciosa", de acordo com Rosencrans.

Por fim, deve-se ter em mente que o Quiet Firing, mesmo que seja uma prática contraditória para muitos, não deve ser sinônimo de Assédio Moral no trabalho. A exposição a situações humilhantes e constrangedoras de forma repetitiva e prolongada podem causar danos reais à saúde e, caso a situação acabe na Justiça, as indenizações no Brasil podem variar entre  R$ 10 mil a R$ 2 milhões.


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