Ciswal Santos, de 31 anos é professor de ciências da computação, ele foi selecionado para estudar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, considerada uma das mais tradicionais do mundo.
Ciswal é realmente um exemplo de superação, ex-catador de latinhas de Juazeiro do Norte, no Ceará, fazia bicos para comprar o material escolar, agora ingressando em Harvard, vai ter oportunidade de estudar e desenvolver o projeto que pode ajudar milhares de pessoas de sua cidade: gerar energia solar de forma sustentável com um aparelho que custa um pouco mais de um salário mínimo.
O professor elaborou um projeto para desenvolver um equipamento que reduz em 70% o consumo de energia de uma residência de uma família de classe média, com quatro pessoas.
O equipamento hoje é orçado em cerca de R$ 2,2 mil. “Ainda não é o preço que eu quero. Já tive contato com pessoas que desenvolvem tecnologia asiática – que está bem a nossa frente – e podemos fazer uso dessa tecnologia para reduzir o custo do equipamento para R$ 1,2 mil, mas o objetivo final é baratear para um salário mínimo, para que qualquer trabalhador possa comprar.”
Ciswal explica que nessa fase do projeto ele não pode receber nenhum investimento privado para criar a máquina de energia solar. “Pela política da Universidade de Harvard, ainda não pode receber valor de empresa privada, é contra os valores deles.”
Trajetória difícil
“Comecei a trabalhar em um mercantil ganhando R$20 por semana, porém às vezes nem recebia, pois levava comida do mercantil para casa e era descontado”, contou Ciswal que teve que trabalhar pesado, acordando cedo e catando latinhas depois das aulas.
“Como o dinheiro era pouco, vi no lixo a oportunidade de suprir minha necessidade e minha vontade de estudar. Quando eu saía da faculdade à noite, andava pelos bares de Juazeiro do Norte catando latinhas de cerveja para vender no quilo, isso eu ainda fardado”, lembra o professor.
Ciswal disse que as vezes a vontade de desistir foi grande, mas que recebeu apoio de onde menos esperava… “Me senti um nada e chorei. Contei ao proprietário do comércio o motivo, ele colocou a mão no meu ombro e disse que eu não precisava me envergonhar e que eu não fosse mais lá tão tarde e usasse esse tempo para estudar”, comenta.
“Ele falou que guardaria essas latinhas para eu pegar pela manhã”, diz o professor, “assim eu me formei, graças a esse anjo e às latinhas de cervejas que peguei no lixo”, finaliza.
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